SOBRE

Lourenço de Cáceres, numa perspetiva mais marcada por aquilo que será o absolutismo quando fala na autolimitação do poder pelos reis, inserindo-se no pessimismo antropológico próximo de Maquiavel, onde não é por acaso que Platão é citado e São Tomás de Aquino ignorado: o próprio poder que têm absoluto, eles por si o limitam e, sendo desobrigados das leis, querem, como diz um texto, viver por elas, afora que a mesma governança que a eles é tão trabalhosa, redunda somente em proveito dos súbditos, que também se assim não fosse, nenhuma razão haveria para que os homens, de geral consentimento, dessem poder a ninguém da morte e da vida sobre si mesmos que, porque a quem governe, se podem ajuntar as gentes em comum e povoar vilas e cidades, e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimónios e viver em comunicação das artes, e ser cada um senhor do seu, e resistir às injúrias particulares, e ter de todos os outros bens da vida segura e conversável.

O que, se governadores não houvesse, cairia tudo subitamente em confusão, dissipação e estrago, que em pouco momento se desfaria a comunidade das gentes, por insultos e roubos, e homicídios, de sorte que ficassem os homens poucos e sós, e em companhia das alimárias feras e ainda mal seguros delas.

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