Médico e filósofo português. A sua dissertação de licenciatura versa sobre os fundamentos filosóficos da psicologia. Professor da faculdade de medicina do Porto desde 1916. Insurge-se contra o dogmatismo e os totalitarismos da direita e da esquerda. Critica o cientismo e considera que a socialização da ciência deve constituir a base para uma reforma democrática das mentalidades. Adota as perspetivas do neo-positivismo.
Em 1942 considera que a Europa atual (… ) como a Grécia de outrora, é um conjunto em que a Nação substituiu a “cité”. Este conjunto de nações possui uma unidade de civilização, a civilização europeia Este conjunto, estruturado com o conceito orgânico que a Europa historicamente elaborou, tende a ultrapassar este conceito. A unidade de civilização procura a unidade política; simplesmente o novo conceito não está definido: só a elaboração histórica do futuro o poderá definir.
Este conceito é, evidentemente, antagónico com o de Nação, como outrora, na velha Grécia, o conceito de nação, em potência, era antagónico com o de “cité”. Como a Grécia e Roma, igualmente a atual Europa está enclausurada num dilema; porque ultrapassar o conceito de Nação, seu conceito orgânico, é destruir o actual Sistema Histórico. Por outro lado, manter o conceito de nação é petrificar a história e acentuar o contraste com a unidade de civilização. Nesta unidade está em germe, potencialmente contido, um novo conceito e, portanto, um novo Sistema Histórico.
A Europa oscila assim, constantemente e por forma cada vez mais aguda, entre o conceito definido historicamente elaborado, e o conceito futuro, indefinido. Atualmente ‘tende’ para ele como para qualquer coisa que se desenhe nas brumas do horizonte, sem, no entanto, se poder precisar o que seja.
- Ensaios de Psicologia Filosófica, 1915
- A Evolução Histórica do Pensamento, 1933.
- A Socialização da Ciência, 1933.
- A Ciência e o Direito, 1933.
- A Ciência e o Momento Actual, 1935.
- Reflexões sobre a História, 1935
- A Crise da Europa. Lisboa, Edições Cosmos, 1942.
