Nasce em Praga numa família judaica.
Estuda em Heidelberg e Viena.
Doutora-se em 1906 e passa a ensinar na capital austríaca.
Em 1920 é um dos principais redatores da constituição austríaca, no mesmo ano em que utiliza pela primeira vez a expressão teoria pura do direito.
De 1929 a 1933 ensina em Colónia, mas regressa a Viena com a subida ao poder de Hitler.
Em 1934 passa a Genebra.
Em 1940 vai para os Estados Unidos, passando por Lisboa onde foi protegido por Marcello Caetano.
Ensina em Harvard e Berkeley.
Em 1952-1953 regressa a Viena como professor visitante.
Um dos maiores juristas do século XX. Autor daquela teoria pura do direito (Reine Rechtslehre) que pretende libertar o direito de todos os elementos que lhe eram estranhos. Foi o chefe de fila da chamada Escola de Viena, fazendo a ligação entre a metodologia neo-kantiana da Escola de Marburgo e o neopositivismo, retendo, de Kant, sobretudo, a radical separação entre ser e dever ser, bem como o unilateralismo lógico-formal do a priori. Wilhelm Sauer considera-o, aliás, como um metodólogo, isto é, como defensor do princípio segundo o qual cada ciência tem de ter o seu próprio método. Assim, defende que a ciência do direito, como ciência normativa, não pode utilizar os métodos das ciências da natureza (por exemplo, em vez do conceito psicológico de vontade, a ciência do direito deve utilizar o conceito jurídico de imputação). Segundo o respetivo programa de purificação do direito, há, portanto, que libertá-lo, por um lado, dos factos e dos juízos de ser, e, por outro, da ética e de qualquer tipo de metafísica jurídica. Aliás, a perspetiva de Kelsen, por muitos considerado, justamente, como um dos principais juristas do século, deixa profundos rastos no pensamento jurídico contemporâneo. Nos autores de língua alemã, destacam-se Alfred Verdross, Adolf Merkl e F. Kaufmann; no universo francês, refiram-se René Capitant, Georges Burdeau e Carré de Malberg; em Espanha, salientam-se Recasens Siches e Legaz y Lacambra. Entre as principais obras de Kelsen: – Teoria pura(Estado é o direito e direito,o Estado),4,23 104,707 –Democracia e liberalismo,108,746–Medo da filosofia e da sociologia,4,24
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Teoria General del Estado [1925], Mexico,Editora Nacional,1979, trad. cast. de Legaz y Lacambra
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- Hautprobleme der Staatsrechtslehre entwickelt aus der Lehre vom Rechtssatze. Tubinga, J. C. B. Mohr, 1911.
- Das Problem der Souverãnitãt un die Theorie des Volkerrechts. Tubinga, J. C. B. Mohr, 1920.
- Vom Wesen und Wert der Demokratie, 1920.
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- Õsterreichisches Staatsrecht. Tubinga, J. C. B. Mohr, 1923.
- Allgemeines Staatslehre. Berlim, Julius Springer, 1925 cfr. trad. cast de Luis Legaz y Lacambra, Mexico, Editora Nacional, 1979, 15ª ed..
- Das Problem des Parlamentarismus. Viena e Leipzig, Wilhelm Braumüller, 1925 in A Democracia, trad. port., São Paulo, Livraria Martins Fontes, 1993, pp. 109 segs..
- Vom Wesen und Wert der Demokratie. Tubinga, J. C. B. Mohr, 1929 in A Democracia, pp. 23 segs..
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- Maltez, José Adelino, Ensaio sobre o Problema do Estado, Lisboa, Academia Internacional da Cultura Portuguesa, 1991, II, pp. 164 segs.. ¾Princípios Gerais de Direito. Uma Abordagem Politológica, Lisboa, Associação de Estudantes do ISCSP, 1992, tomo I, pp. 240 segs..
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