Galvão, Henrique Carlos Malta (1895-1970)

henrique_galvaoMilitar e africanista, símbolo do reviralhismo a partir da década de cinquenta. Cadete sidonista. Revolucionário do 28 de Maio, defendendo uma ditadura constitucional. Participa na revolta de Filomeno da Câmara em Agosto de 1927. Ligado a João de Almeida.

Governador da Huíla desde 1929, diretor da Emissora Nacional, desde 1935, e animador da Exposição Colonial do Porto de 1934. Chega mesmo a editar pelo Secretariado da Propaganda Nacional uma obra de divulgação, O Império, onde refere o império português como um agente construtivo, de ordem, de civilização e de espírito cristão.

Inspetor superior do ministério das colónias onde colaborou com o ministro Marcello Caetano. Deputado à Assembleia Nacional. A partir de 1947, depois de graves desinteligências com o ministro das colónias, Teófilo Duarte, passa opositor de Salazar. Defende no tribunal o coronel Carlos Selvagem, implicado na revolta de Cabeçadas.

Apresenta, em 1947, na Assembleia Nacional um aviso prévio sobre o trabalho forçado nas colónias. O documento é publicado em 1949 pelo PCP que o publica sob o título A Exploração e Extermínio dos Povos Coloniais pela Camarilha de Salazar. Passa abertamente para a oposição quando colabora destacadamente na campanha eleitoral de Quintão Meireles em 1951. Preso em 7 de Janeiro de 1952, é condenado nos finais de 1952 por promover conspiração militar contra Salazar.

Detido na Penitenciária de Lisboa faz emitir com regularidade um panfleto Moreano, depois reproduzido na revista brasileira Anhembi. Estando internado sob prisão no Hospital de Santa Maria, evade-se em 16 de Janeiro de 1959 e, no dia 17 de Fevereiro obtém asilo político na Embaixada da Argentina, partindo para Buenos Aires em 14 de Maio seguinte.

Faz distribuir em Portugal um livro intitulado Carta Aberta a Salazar. Fixa-se na Venezuela a partir de Outubro de 1959. Cria em 1960 o DRIL e colabora com Delgado.

Celebriza-se pelo assalto ao paquete Santa Maria em 1961: somos piratas que tentam recuperar a outros piratas a liberdade e a dignidade que estes roubaram a todo um povo.  Lança, no Brasil, pela editorial Germinal, em Julho de 1961 uma obra colectiva intitulada Colonialismo, Anticolonialismo e Autodeterminação. Promove também o desvio de um avião da TAP no voo Casablanca-Lisboa, em Novembro de 1962. Cria então uma Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres Exilados e colabora no jornal O Estado de São Paulo. Considera-se em guerra contra o Estado Novo e o seu verdugo.

Faz um ataque cerrado aos comunistas, invocando a social-democracia. Entra em desinteligências com Humberto Delgado. Em 13 de Dezembro de 1963 faz um depoimento na ONU onde se insurge tanto contra o salazarismo como contra os movimentos de libertação, em nome da tradicional perspectiva ultramarinista de Paiva Couceiro e Norton de Matos, alterada drasticamente pelo Acto Colonial de 1930. Morre em São Paulo em 25 de Junho de 1969.

  • ·Da Minha Luta Contra o Salazarismo e o Comunismo

São Paulo, 1965 (2ª ed., Lisboa, Arcádia, 1976).

  • ·Carta Aberta ao Dr. Salazar

Lisboa, Arcádia, 1975.