Congressos Republicanos de Aveiro

I Congresso Republicano de Aveiro, organizado pelo intelectual comunista Mário Sacramento, em 6 de outubro de 1957. Preside à sessão inaugural o nonagenário António Luís Gomes, o único membro do governo provisório da República ainda vivo. A reunião prepara a campanha presidencial de 1958, pouco tempo depois de se realizar no Estoril, em setembro o V Congresso do PCP onde se consagra a estratégia de derrube do regime por meios pacíficos. O II Congresso, realizado em 15 de maio de 1960, visando a preparação das eleições de outubro desse ano, reflete o momento de primavera política, sendo as respetivas sessões relatadas pelos jornais e recebendo a garantia de não intervenção, dada pelo governador civil de Aveiro de então, Vale de Guimarães. Estão presentes cerca de 1 500 delegados. No mês anterior tinha começado a crise estudantil de Coimbra. Preside à sessão inaugural Helder Ribeiro. As sessões de trabalho são dirigidas por Rodrigues Lapa e Orlando de Carvalho. As tese serão publicadas integralmente pela Seara Nova. O Congresso da Oposição Democrática, dito o terceiro, decorre em Aveiro de 4 a 8 de abril de 1973. Trata-se de uma reunião da oposição na senda dos dois primeiros Congressos Republicanos de Aveiro, de 1957 e 1959, onde se muda o nome, até pela presença de monárquicos oposicionistas, como Rodrigo de Moctezuma, Marcus de Noronha. Vasco da Gama Fernandes, numa comunicação sobre as Estruturas do Estado Moderno, considera que o Estado Novo é um Estado autoritário, egocêntrico, compartimentado, sem lei no sentido de usufruição dos direitos, reduzido à impotência de uma clique, à margem das ansiedades generalizadas e sem esperanças. Noutra, defende a instituição do ombudsman para a prevenção e repressão do arbítrio. José Magalhães Godinho defende o direito à autogestão, invocando as teses de Mendés-France e Roger Garaudy. Mário Ventura disserta sobre a censura como arma de repressão política. O monárquico Rodrigo de Moctezuma defende o liberalismo político, distinguindo-o do poder discricionário. Francisco Pereira de Moura critica o modelo de governadores civis, considerados olhos e ouvidos do rei. Outro monárquico, Marcus Noronha, invoca Mounier e o bem comum contra o cesarismo e o maquiavelismo. O futuro social-democrata Olívio França fala sobre As Raízes da Democracia. Raúl Rego disserta sobre a passagem da censura prévia ao exame prévio. Nesta última reunião já não participa a esquerda revolucionária ou extrema-esquerda, de linha maoísta.

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