SOBRE

manuel alegre

Nasce em Braga. Advogado. Secretário de Paiva Couceiro. Exilado na Bélgica entre 1912 e 1914, fundando aí a revista Alma Portuguesa em 1913. Amnistiado, regressa a Portugal e é um dos fundadores do Integralismo Lusitano, expressão que ele próprio cunhou. Conclui a licenciatura em direito em 1917. Participa na revolta de Monsanto e volta ao exílio em 1919. É membro da Junta Central do Integralismo Lusitano em 1916-1922 e em 1926-1932. Depois do 28 de maio, distancia-se do salazarismo. Apoiante das candidaturas de Norton de Matos, em 1949, e de Humberto Delgado, em 1958. Por isso é irradiado da Causa Monárquica em 1949, juntamente com Francisco Vieira de Almeida. Em 1949 considera que o Estado Novo é um grosseiro tecido de incoerências, de contradições, de ficções, de equívocos. Porque, elevado à categoria de ser absoluto, o Estado absorveu a Nação. Depressa o Poder passou a prepotência, que tudo esmaga e tritura, e faz da obediência lei para escravos castrados. Em 1958 dá uma entrevista ao Diário de Lisboa, onde declara: condeno o híbrido sistema político tirânico e vingativo que está a arrastar-nos para a pior catástrofe da nossa história … a idolatria da autoridade, o materialismo da obediência passiva … tendo começado por ser uma ditadura administrativa, manhosamente se transformou em ditadura policial, contrária ao destino moral e pessoal do homem … O Estado Novo tornou os ricos mais ricos e os pobres mais pobres … para me declarar monárquico não peço licença ao rei nem aos bobos da Corte. Já antes, em A Revolta da Inteligência, critica o estatismo e o totalitarismo: quando o Estado, tonando-se dono do homem, despreza as liberdades individuais e aniquila as autonomias locais, a si próprio prepara o fim por congestão. Município tutelado pelo Estado é município morto; corporação a que o Estado governa, é feira e alborque de consciências comandadas pela avidez do lucro. Para o normal funcionamento das qualidades nacionais, deve a corporação ser livre no município autónomo.

Um dos poucos integralistas verdadeiramente tradicionalista de raiz portuguesa, até pelo facto de ter aprofundado o estudo dos nossos clássicos como D. Jerónimo Osório, Frei João dos Prazeres e José da Gama e Castro, que lhe deram argumentos consensualista para uma arrasadora denúncia do estatismo salazarista. Já em 1942, prefaciando a reedição da obra de Frei João dos Prazeres, assinala que a moderna estrutura corporativa padece do defeito de ter nascido da vontade do Estado, quando deveria brotar do humo social, pelo que prepara a planificação de tudo, como se lhe coubesse o encargo maléfico de assegurar as marchas forçadas do Socialismo. Defende assim o que qualifica como corporacionismo, como uma instituição económica e social que não atinge as últimas esferas do governo do Estado. Neste sentido, observa: a Nação é diversa, diversos corpos a formam; o Estado é uno, e a sua função máxima consiste em unificar os vários corpos de que a Nação se compõe. E não seria nunca o Estado esse necessário unificante se também ele fosse coletivo, quer dizer, se também ele se encontrasse repartido, em si mesmo acalentando um constante princípio de divisão. A Nação corporativa não é o Estado … Confundindo corporativamente a Nação e o Estado, o interesse nacional pronto se verá sacrificado à voracidade dos egoísmos profissionais. As Corporações serão então o Estado. E ao abandonarem assim as suas funções naturais de produtores da riqueza para exercer as de administradores políticos da Cidade, esses Corpos ordenados lançam-se perseverante guerra uns com os outros, na insofrida concorrência a que, à custa da Nação, todos se entregam para a conquista dos maiores lucros.

  • O Culto da Tradição 1916.

  • Sob o Pendão Real 1942.

  • Posição de António Sardinha 1943.

  • Paixão e Graça da Terra Lisboa, Edições Gama, 1947.

  • Espada ao Sol Lisboa, Biblioteca do Pensamento Político, 1969) (obra póstuma, com estudos sobre D. Jerónimo Osório e Frei João dos Prazeres)

     

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